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Por que algumas memórias parecem mais vivas do que o presente?

A ciência da memória explica por que lembranças antigas podem carregar mais força emocional do que acontecimentos recentes

Há memórias que carregam mais cor do que o dia de hoje. Um cheiro que transporta, uma foto que emociona, uma música que nos devolve a um lugar específico da infância. Mas por que isso acontece? A neurociência explica: o cérebro registra emoções antes de registrar fatos.

É por isso que momentos marcados por afeto, surpresa, pertencimento ou dor são lembrados com detalhes. A emoção é a cola da memória. O que não sentimos, esquecemos. O que nos atravessa, permanece. Algumas lembranças se tornam mais vivas que o presente porque foram vividas com mais intensidade — e intensidade não obedece ao calendário.

Quando revisitamos essas imagens, vídeos ou objetos, não estamos apenas lembrando. Estamos sentindo de novo — às vezes com ainda mais força, porque agora sabemos o que aquele momento significou.

Como diz Victor Escobar, diretor de atendimento da Caixa de Memórias, “a memória não é um arquivo. É um encontro. Toda vez que lembramos, vivemos a experiência pela segunda vez”.

E talvez seja por isso que preservar nossas lembranças não é nostalgia, mas reconhecimento. É entender que alguns momentos não passam — continuam nos formando, mesmo quando já viraram passado.